segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

O PAÍS DAS DISPARIDADES

Antônio Malvino - Colunista GiroPB

Antônio Malvino

Por: Antônio Malvino
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Colunista do GiroPB.
É sabido que o Brasil tem o Congresso mais caro do mundo, mas as disparidades verificadas no serviço público não ficam por aí. Uma rápida olhada na folha de pagamento de determinados órgão é suficiente para observar que as distorções são mesmo gritantes e os maiores beneficiados são sempre as categorias mais abastadas.
Há curiosidades que causam espanto. Por exemplo: um motorista do Senado ganha mais para dirigir um automóvel do que um oficial da Marinha para pilotar uma fragata; um ascensorista da Câmara Federal, que trabalha operando elevadores, percebe maior salário do que um oficial da Força Aérea para pilotar um supersônico Mirage; um diretor responsável pela garagem do Senado ganha mais do que um general do Exército; um assessor de terceiro nível de um deputado federal tem um contracheque maior do que o de um cientista-pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz; um diretor sem diretoria no Senado ganha o dobro do que percebe um professor universitário federal.
Enquanto isso, o Sistema Único de Saúde-SUS paga a um médico por uma cirurgia cardíaca com abertura de peito a importância de 70 reais, equivalente ao que uma diarista cobra para fazer a faxina num apartamento de dois quartos. Impressiona mesmo como essas desigualdades persistem num país que se diz democrático, rico e de uma população oredeira.
Um outro exemplo de privilégio está na remuneração paga a magistratura. Agora mesmo se descobriu que no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro – os desembargadores recebem super-salários, que variam de 40 mil a 150 mil reais. Isso é resultado de uma soma de vantagens – que praticamente nenhuma outra categoria do serviço público tem direito.
Além do salário, os magistrados cariocas recebem auxilio-creche, auxilio-saúde, auxílio-locomoção, ajuda de custo para transporte e mudança e auxilio refeição e alimentação. Em dezembro de 2010 – um único desembargador do Rio recebeu a bagatela de 511 mil reais. Outro magistrado recebeu naquele mesmo mês depósitos em sua conta que somaram 462 mil reais.
São distorções – como essas citadas – que provocam a revolta do trabalhador comum, que passa o mês inteiro dando duro para receber o salário mínimo. Pior é que o brasileiro parece ter pedido a capacidade de se indignar – diante da falta de ação para corrigir tamanhos absurdos, punir os responsáveis pela prática de atos danosos ao erário público e diante da falta de moralidade que domina os três poderes da União.
É preciso, no entanto, não ficar omisso, se acovardar, porque o caminho fica cada vez mais aberto para o roubo, a corrupção e a safadeza. Essa história de aceitar esse estado de coisas, como se tivesse que ser assim mesmo, que nada podemos fazer ou que não tem jeito – não deve prevalecer. Afinal, um país de futuro, como o nosso, jamais chegará o desenvolvimento desejado se não houver responsabilidade social e zelo com os gastos públicos. Por isso, não dá prá deixar de se indignar…