Agnaldo Almeida ingressou no jornalismo em 1970, como repórter do Diário da Borborema. Ele atuou ainda nos jornais Correio da Paraíba, A União, O Norte e O Momento, como redator e colunista, do semanário A Carta como chefe de redação e editor, além de secretário de Comunicação do Governo Ronaldo Cunha Lima.
A pesquisa do Ibope divulgada pela TV Cabo Branco tem duas imprecisões: uma de ordem matemático/estatística e outra de natureza político/eleitoral.
Vamos à primeira, a confusão estatística: na TV, a pesquisa foi apresentada como tendo um resultado de empate técnico. Esses empates técnicos levam obrigatoriamente em consideração as margens de erro com que tais pesquisas são realizadas.
Pois bem: a margem de erro, segundo o Ibope, da pesquisa divulgada, é da ordem de 3 pontos percentuais. Decorem este número: três. Os índices de aceitação dos candidatos Ricardo Coutinho e José Maranhão foram fixados em 52 contra 48.
Qualquer menino que estude aritmética sabe que entre estes dois percentuais há uma diferença de quatro pontos. Ora, se a margem de erro da pesquisa é de três pontos, sobrou um. E para quem foi este ponto? Para o empate técnico? Fala sério! As margens de erro funcionam para cima e para baixo, ou seja, atingem os índices de um ou de outro candidato.
Se nesta pesquisa a margem foi de três pontos, como se pode falar em empate técnico, quando a diferença entre os dois candidatos é de quatro pontos?. Quatro, e não três.
A menos que... bom, a menos que o instituto, cuja credibilidade é questionada de norte a sul do país, tenha imaginado o seguinte: que toda a margem de erro – três pontos para cima e três para baixo – tivesse sido fixada para beneficiar o candidato que está em desvantagem, ou seja, José Maranhão, que tem 48 pontos contra Coutinho com 52.
Os quatro pontos que Ricardo tem de frente superam, no terreno da lógica, a tal margem de erro da pesquisa do Ibope. Aliás, acho mesmo que o principal erro desta pesquisa é fazer uma sondagem, na véspera da eleição, com margem tão alta de erro. No mundo inteiro e no Brasil, as pesquisas, quanto mais se aproximam do dia da eleição, mais reduzem esta margem de erro, que naturalmente tem muito a ver com o número de indecisos e de intenções de votos não consolidadas.
Agora não. Está tudo consolidado. Quem é Maranhão vota em Maranhão; quem está contra ele e apoia Ricardo, vota em Ricardo. Com uma margem de erro tão alta, na véspera da eleição, o instituto não responde a coisa alguma. Ao contrário, confunde o eleitor. Esta pesquisa está errada, como tantas outras que o Ibope já patrocinou. E, curioso, pode estar errada para um lado e para ou outro.
A pesquisa só não erra para a defesa do Ibope. Se as urnas não confirmarem o seu prognóstico, e tudo indica que não o farão, haverá sempre para os seus estatísticos o argumento de dizer que estava tudo dentro da margem de erro.
Não vou dizer que o Ibope não tenha seus compromissos com os acertos. Mas na Paraíba a sua preferência é pelos erros. Dependesse dele e a galeria dos governadores do Estado seria outra, completamente diferente.
De tanto errar, essas pesquisas não dão mais o ibope que delas se esperavam.
Nenhum comentário:
Postar um comentário