domingo, 31 de outubro de 2010

O Ibope supera até sua margem de erro. Por Agnaldo Almeida


Agnaldo Almeida ingressou no jornalismo em 1970, como repórter do Diário da Borborema. Ele atuou ainda nos jornais Correio da Paraíba, A União, O Norte e O Momento, como redator e colunista, do semanário A Carta como chefe de redação e editor, além de secretário de Comunicação do Governo Ronaldo Cunha Lima.

A pesquisa do Ibope divulgada pela TV Cabo Branco tem duas imprecisões: uma de ordem matemático/estatística e outra de natureza político/eleitoral.

Vamos à primeira, a confusão estatística: na TV, a pesquisa foi apresentada como tendo um resultado de empate técnico. Esses empates técnicos levam obrigatoriamente em consideração as margens de erro com que tais pesquisas são realizadas.

Pois bem: a margem de erro, segundo o Ibope, da pesquisa divulgada, é da ordem de 3 pontos percentuais. Decorem este número: três. Os índices de aceitação dos candidatos Ricardo Coutinho e José Maranhão foram fixados em 52 contra 48.

Qualquer menino que estude aritmética sabe que entre estes dois percentuais há uma diferença de quatro pontos. Ora, se a margem de erro da pesquisa é de três pontos, sobrou um. E para quem foi este ponto? Para o empate técnico? Fala sério! As margens de erro funcionam para cima e para baixo, ou seja, atingem os índices de um ou de outro candidato.

Se nesta pesquisa a margem foi de três pontos, como se pode falar em empate técnico, quando a diferença entre os dois candidatos é de quatro pontos?. Quatro, e não três.

A menos que... bom, a menos que o instituto, cuja credibilidade é questionada de norte a sul do país, tenha imaginado o seguinte: que toda a margem de erro – três pontos para cima e três para baixo – tivesse sido fixada para beneficiar o candidato que está em desvantagem, ou seja, José Maranhão, que tem 48 pontos contra Coutinho com 52.

Os quatro pontos que Ricardo tem de frente superam, no terreno da lógica, a tal margem de erro da pesquisa do Ibope. Aliás, acho mesmo que o principal erro desta pesquisa é fazer uma sondagem, na véspera da eleição, com margem tão alta de erro. No mundo inteiro e no Brasil, as pesquisas, quanto mais se aproximam do dia da eleição, mais reduzem esta margem de erro, que naturalmente tem muito a ver com o número de indecisos e de intenções de votos não consolidadas.

Agora não. Está tudo consolidado. Quem é Maranhão vota em Maranhão; quem está contra ele e apoia Ricardo, vota em Ricardo. Com uma margem de erro tão alta, na véspera da eleição, o instituto não responde a coisa alguma. Ao contrário, confunde o eleitor. Esta pesquisa está errada, como tantas outras que o Ibope já patrocinou. E, curioso, pode estar errada para um lado e para ou outro.

A pesquisa só não erra para a defesa do Ibope. Se as urnas não confirmarem o seu prognóstico, e tudo indica que não o farão, haverá sempre para os seus estatísticos o argumento de dizer que estava tudo dentro da margem de erro.

Não vou dizer que o Ibope não tenha seus compromissos com os acertos. Mas na Paraíba a sua preferência é pelos erros. Dependesse dele e a galeria dos governadores do Estado seria outra, completamente diferente.

De tanto errar, essas pesquisas não dão mais o ibope que delas se esperavam.

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