sexta-feira, 8 de outubro de 2010

POR AGNALDO ALMEIDA:A guerra do segundo turno



Há uma discussão entre analistas e cientistas políticos sobre a real natureza de uma eleição de segundo turno. Seria ela, tão somente, o prolongamento da primeira rodada do pleito ou, conforme defendem alguns, seria na verdade uma nova eleição?

O sociólogo Alberto Carlos Almeida, da Universidade Federal Fluminense e autor do livro “A cabeça do eleitor”, advoga exatamente a primeira tese, ou seja, a de que o segundo turno é mesmo a continuação da eleição já realizada na primeira fase. E apresenta números: dos 69 casos que ele estudou, em várias regiões do Brasil, o eleito do primeiro turno em 71% das vezes venceu no segundo.

Os que acham que se trata de uma nova eleição argumentam que as reviravoltas são possíveis, desde que a diferença entre o primeiro e o segundo colocados não tenha sido bastante expressiva.

Há ainda uma terceira corrente que pensa diferente: a depender do clima que se cria entre o eleitorado, tão logo se encerra o primeiro turno, a possibilidade de uma reviravolta é quase nula.

Sente-se no ar, dizem estes analistas, que quem saiu vitorioso no primeiro turno passa a atrair o apoio de lideranças políticas que antes estavam fora do seu arco de alianças e além disso costumam se beneficiar da chamada “expectativa de vitória”.

Tudo isso considerado, pode-se concluir sem muita dificuldade que na Paraíba o candidato socialista Ricardo Coutinho está, numa linguagem futebolística, com a mão na taça. Vem recebendo apoio de prefeitos e lideranças que não sufragaram o seu nome no domingo, dia 3, e incorporou este sentimento de que vai ganhar. Como dez por cento do eleitorado, em média, gostam de votar em quem tem maiores chances de vitória, é impossível não admitir o seu favoritismo.

Se esse mesmo raciocínio for aplicado à sucessão presidencial, que também passará pela segunda rodada de votação, percebe-se que as possibilidades da candidata Dilma Rousseff são bem mais positivas do que as do tucano José Serra.

Mas, como sabemos todos, campanha é campanha, eleição tem os seus mistérios e não dá pra dizer, com cem por cento de certeza, que os resultados, num caso e noutro, já estejam sacramentados. Disputas eleitorais não costumam perdoar erros. Caso bem recente foi este de Maranhão, que esnobou os veículos de comunicação e a opinião pública, deixando sistematicamente de comparecer aos debates com os demais candidatos.

Apesar da vantagem obtida no primeiro turno, a militância de Ricardo Coutinho não pode calçar o mesmo salto alto que muitos maranhistas exibiam na votação passada. Atento a estes riscos, o próprio Ricardo tem recomendado aos aliados que até o dia 31, a luta tem que ser no dia a dia, sem um minuto de trégua.

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