segunda-feira, 11 de outubro de 2010

ESCRITO POR LUIS TORRES:Quando a estupidez pauta uma eleição




Alguém já disse que feio numa campanha é perder. O que supõe uso de métodos dos mais suspeitos pra ganhar uma eleição. Concordo em parte. De fato, num processo eleitoral, ganhar justifica os meios. Desde que estes meios não sirvam para tirar-lhe o mandato no futuro ou prejudicar a própria candidatura de quem o faz.

A história do vídeo e panfletos apócrifos acusando Ricardo Coutinho de atividades religiosas ligadas ao satanás é um daqueles métodos que só fazem engrandecer o acusado. Primeiro porque não tem dono. E denúncia da boa é aquela que parte de quem tem coragem de fazê-la publicamente. Depois, é preconceituosa, exatamente num país onde a liberdade religiosa é direito garantido na Constituição.

Claro que num país cristão a dificuldade de enquadramento às religiões católicas e evangélicas leva o candidato a ter problemas de relacionamento com o eleitoral. Vide a disputa nacional onde Dilma Roussef sofreu abalo a partir do momento em que líderes religiosos criticaram sua posição dúbia sobre o aborto.

Mas não é o caso na Paraíba. Acusar anonimamente Ricardo Coutinho de ser ateu para reduzir-lhe o potencial eleitoral é uma confissão de que a candidatura da oposição no campo terreno não deixa brechas pra desconstrução, sendo necessário pular para o campo espiritual a fim de abalá-la.

O governador José Maranhão (PMDB), que certamente não tem nada a ver com isso, deveria orientar todos os seus aliados, direta e indiretamente, a evitarem qualquer tipo de ação clandestina neste sentido. Ela é do tipo que faz o acusado vencer uma eleição somente por configurar desespero de quem a faz.

Para que uma denúncia tenha real efeito é preciso que os autores da acusação tenha coragem de fazê-las publicamente. Colocando a cara pra bater, não bancando gráficas de fundo de quintal para dar-lhes, em forma de pagamento, a coragem que o verdadeiro autor não teve. Aliás, a investigação da Polícia Federal no caso dos panfletos apócrifos apreendidos na Gráfica Mídia só deve ter um objetivo: descobrir que, realmente, está por trás disso.

Uma coisa que, até agora, só Deus sabe.

Luís Tôrres

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